A doença pulmonar intersticial (DPI) é um conjunto de mais de 200 doenças que afetam o interstício pulmonar — o tecido entre os alvéolos e os vasos sanguíneos. Esse tecido pode inflamar ou cicatrizar (fibrose pulmonar), dificultando a respiração e as trocas gasosas.
As mais frequentes incluem:
Fibrose pulmonar idiopática (FPI)
Pneumonite de hipersensibilidade (PH)
Sarcoidose pulmonar
Doenças do interstício associadas a doenças autoimunes (reumatológicas)
Pneumoconioses (exposição a poeiras minerais)
Estas doenças exigem um diagnóstico precoce e uma avaliação multidisciplinar (pneumologista, radiologista, anatomopatologista), porque o tratamento varia consoante o tipo e o padrão radiológico.
Doença fibrosante crónica, progressiva, sem causa conhecida
Diagnóstico baseado em TAC-AR (padrão UIP) e discussão multidisciplinar
Tratamento: antifibróticos (nintedanib, pirfenidona) → abrandam a progressão da doença
Reabilitação respiratória, vacinação, oxigenoterapia quando indicada
Avaliar para transplante pulmonar em casos selecionados
Causada por exposição a antigénios inalados (aves, bolores, jacuzzis, poeiras agrícolas)
Pode ser não fibrosante (inflamatória, potencialmente reversível) ou fibrosante (evolui para fibrose irreversível)
Diagnóstico: história de exposição + TAC-AR típica + LBA (linfocitose)
Tratamento: remoção da exposição, corticoides e/ou imunossupressores, antifibróticos em formas progressivas
Doença granulomatosa sistémica
Pode afetar pulmões, gânglios, olhos, pele, coração
Diagnóstico: TAC-AR + histologia (granulomas não caseosos) + exclusão de outras causas
Tratamento: muitas vezes não é necessário; se sintomática → corticoides; poupadores de corticoide em casos crónicos (metotrexato, azatioprina)
Associadas a artrite reumatóide, esclerodermia, lúpus, etc.
Padrões radiológicos variáveis (NSIP, UIP)
Tratamento: imunossupressão; se progressiva → considerar antifibrótico (nintedanib)
PPF é definida pela progressão da fibrose ao longo do tempo, mesmo em doenças não-FPI
Critérios (num período de 1–2 anos):
Agravamento dos sintomas (dispneia, tosse)
Queda ≥5–10% na CVF ou ≥10–15% na DLCO
Progressão radiológica na TAC-AR
Nestes casos, considera-se antifibrótico (nintedanib)
Dispneia (falta de ar) progressiva, sobretudo durante os esforços.
Tosse seca crónica, persistente.
Crepitações em velcro à auscultação (sons típicos na base pulmonar).
Baqueteamento digital (hipocratismo digital) em alguns casos.
Fadiga, intolerância ao esforço, perda de qualidade de vida.
👉 Estes sintomas são inespecíficos e muitas vezes confundidos com insuficiência cardíaca, asma ou DPOC, atrasando o diagnóstico.
Se persistirem, deve pensar em doença do interstício.
A tomografia (TAC) torácica pode mostrar sinais típicos de doença do interstício pulmonar, como:
Padrão em vidro despolido.
Espessamento do interstício pulmonar.
Opacidades reticulares.
Bronquiectasias por tração.
Padrão em favo de mel (fibrose pulmonar avançada).
Algumas doenças do interstício têm causa conhecida, outras são idiopáticas (sem causa identificada).
Idiopáticas: como a fibrose pulmonar idiopática (FPI).
Exposições ambientais: contacto com aves (pombos, papagaios, galinhas), bolores, jacuzzis, poeiras orgânicas → podem causar pneumonite de hipersensibilidade.
Exposição ocupacional: poeiras de sílica, amianto, carvão (pneumoconioses).
Autoimunes/reumatológicas: artrite reumatoide, esclerodermia, polimiosite, síndrome de Sjögren, lúpus, entre outras.
Granulomatosas: sarcoidose pulmonar.
Tabagismo.
O diagnóstico é feito em várias etapas, sempre com a discussão multidisciplinar como pilar central:
História clínica detalhada
Sintomas
História ocupacional e ambiental (aves, bolores, poeiras)
Doenças reumatológicas
Exame físico
Crepitações em velcro
Baqueteamento digital
Sinais de doença auto-imune
Exames complementares
TAC torácica de alta resolução (TAC-AR): padrão típico (ex.: UIP, NSIP, favo de mel).
Provas de função respiratória: capacidade vital forçada (CVF), difusão de CO (DLCO), prova da marcha de 6 minutos.
Gasometria arterial.
Exames de sangue: autoimunidade, marcadores inflamatórios.
Broncoscopia com lavado broncoalveolar (LBA).
Biópsia pulmonar (cirúrgica ou criobiópsia) em casos selecionados.
É um sinal de inflamação ou fibrose nos pulmões. Quando associado a sintomas respiratórios, deve ser avaliado por um médico pneumologista.
É uma imagem que pode indicar inflamação pulmonar ativa ou fibrose inicial. Nem sempre é grave, mas requer vigilância.
Representa pequenas cavidades agrupadas no pulmão, vistas na TAC. É típico de fibrose pulmonar avançada, especialmente na fibrose pulmonar idiopática.
Formas inflamatórias: corticoides, micofenolato, rituximabe...
Formas fibróticas: antifibróticos (nintedanib ou pirfenidona)
Em alguns casos: oxigénio domiciliário ou transplante pulmonar
Reabilitação respiratória: melhora dispneia, capacidade de exercício e qualidade de vida.
Oxigenoterapia domiciliária: indicada quando há hipoxemia em repouso ou durante o esforço.
Vacinação: contra a gripe e vacina pneumococica.
Cessação tabágica e estilo de vida saudável.
Suporte psicológico: doenças crónicas e incapacitantes exigem acompanhamento global.
Sono: as doenças do interstício podem associar-se a apneia do sono; se houver ressonar ou sonolência, deve-se pedir estudo do sono.
Sim. Os estudos mostram que os antifibróticos reduzem a progressão da fibrose pulmonar até 50% e ajudam a manter a função pulmonar por mais tempo.
Tosse seca persistente
Falta de ar progressiva
Alterações na TAC torácica como vidro despolido ou espessamento do interstício
História de exposição ambiental ou doenças autoimunes
Suspeita de fibrose pulmonar idiopática
👉 Médicos de família devem referenciar se houver:
Dispneia e tosse seca crónica não explicadas.
Crepitações em velcro à auscultação.
Baqueteamento digital associado a suspeita de doença pulmonar.
Alterações intersticiais na tomografia.
TAC-AR sugestiva de fibrose ou de doença do interstício.
Doença reumatológica com suspeita de envolvimento pulmonar.
Queda da função respiratória ou progressão radiológica.
A fibrose pulmonar tem cura?
Ainda não existe cura, mas há medicamentos que abrandam a progressão.
Posso continuar a ter animais de estimação?
Se houver suspeita de PH, deve ser discutido com o médico, porque a exposição pode agravar a doença.
Vou precisar de oxigénio?
Depende da gravidade e dos exames; só é prescrito quando há critérios específicos.
A doença é hereditária?
Na maioria dos casos a doença intersticial, não é uma doença hereditária.
Há algumas formas familiares de fibrose pulmonar, mas são raras.
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Consulta de Pneumologia com o Dr. António Santos Costa
O Dr. António Santos Costa é pneumologista e especialista em doenças do interstício pulmonar. Realiza consulta em Braga, Guimarães, Fafe e "segunda opinião" por teleconsulta.
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