A asma é uma doença crónica e heterogénea provocada pela inflamação das vias respiratórias. É caracterizada pela presença de sintomas respiratórios, tais como sibilância, falta de ar, aperto no peito e tosse, que variam ao longo do tempo e em intensidade, associados a uma limitação variável do fluxo de ar expiratório (medido através de um exame chamado espirometria). Para obter mais informação sobre os sintomas de asma, clique aqui.
A asma, também conhecida como asma brônquica ou bronquite asmática, é uma das doenças respiratórias mais comuns em todo o mundo e tem registado um aumento significativo de casos nos últimos trinta anos. Estima-se que uma em cada vinte pessoas sofra de asma.
A asma não é uma doença contagiosa, ou seja, não se transmite de pessoa para pessoa. No entanto, há uma forte influência genética na transmissão da asma entre familiares. Isto significa que a doença pode ser herdada pelos filhos.
Embora nem todos os casos de asma apresentem essas características, é comum observar o início dos sintomas respiratórios na infância, histórico de rinite alérgica ou eczema atópico, ou uma história familiar de asma ou alergias, o que aumenta a probabilidade de que os sintomas respiratórios estejam relacionados à asma.
A asma não tem cura definitiva, sendo considerada uma doença crónica que pode, em alguns casos, apresentar períodos prolongados sem sintomas. Um bom controle da asma é caracterizado pela presença mínima de sintomas durante o dia e à noite, uso reduzido de medicamentos de alívio (como o salbutamol ou terbutalina), ausência de crises agudas, liberdade para realizar atividades físicas e uma função pulmonar normal, como é avaliado na espirometria. No entanto, é importante mencionar que atingir esse controle total pode ser mais desafiador em casos de asma grave ou moderada.
Existem diversos termos usados para descrever uma asma agudizada ou crise asmática, sendo os mais comuns "ataque de asma" ou "crise asmática".
As exacerbações de asma são frequentemente uma emergência médica, caracterizadas por sintomas como aumento progressivo de falta de ar, tosse e pieira. Normalmente, esse agravamento ocorre ao longo de horas ou dias, mas às vezes é rápido e requer tratamento imediato. Infeções respiratórias, especialmente virais, e exposição a alérgenos são causas comuns dessas crises.
O tratamento para uma crise de asma tem como objetivo corrigir a causa subjacente, possivelmente com a administração de antibióticos em casos de infeção. Em geral, não são prescritos broncodilatadores (como os beta 2 agonistas) nem corticosteroides para reduzir a inflamação brônquica, a menos que seja necessário. O tipo de tratamento e sua forma de administração variam de acordo com a gravidade da exacerbação, podendo ser intravenoso, em comprimidos, xarope, etc. A administração por aerossol através de nebulizadores é reservada apenas para situações muito graves.
Frente a uma crise de asma, o paciente deve seguir o plano de ação estabelecido por seu médico pneumologista. Esse plano deve incluir o número de inalações de SOS e os sinais de alerta que indicam a necessidade de telefonar ou procurar atendimento médico urgente.
A asma é uma doença resultante de uma complexa interação entre fatores genéticos e ambientais, como infeções viricas, alérgenos e agentes ocupacionais, que não apenas influenciam o seu aparecimento, mas também a sua progressão.
As causas ou "desencadeadores" comuns das crises de asma incluem:
Infeções víricas (resfriado comum);
Atividade física;
Exposição a alérgenos;
Mudanças climáticas;
Riso;
Substâncias irritantes (fumo, poluição ou odores fortes)
A asma é uma doença com várias formas e múltiplos processos subjacentes. As características demográficas, clínicas e fisiopatológicas que acompanham a asma são frequentemente designadas por "fenótipos" da doença. No entanto, até ao momento, não foi estabelecida uma ligação forte entre características patológicas específicas e padrões clínicos específicos em relação à resposta ao tratamento. Mais pesquisas são necessárias para que a classificação fenotípica da asma seja clinicamente útil.
Muitos fenótipos foram identificados, alguns dos mais comuns incluem:
1 - Asma alérgica
A asma alérgica, também conhecida como asma atópica, é um tipo de asma facilmente reconhecido, frequentemente iniciando na infância (asma infantil). Está associada a histórico pessoal ou familiar de doenças atópicas, como eczema, rinite alérgica e alergia a alimentos ou medicamentos.
Em pacientes com esse tipo de asma, o exame da expetoração induzida antes do tratamento frequentemente mostra inflamação eosinofílica nas vias aéreas. Geralmente, os pacientes com essa forma de asma respondem bem ao tratamento com corticosteroides inalados, também conhecidos como "bombinha para asma".
Anteriormente, esse tipo de asma também era chamado de asma extrínseca. No entanto, a distinção entre asma intrínseca e asma extrínseca, que foi introduzida pela primeira vez por Rakeman em 1947, é atualmente considerada desatualizada.
2 - Asma não alérgica
Existem adultos que têm asma não relacionada com alergias. A análise das células da expetoração desses pacientes pode mostrar uma inflamação neutrofílica, eosinofílica ou com apenas algumas células inflamatórias. Os pacientes com asma não alérgica geralmente não respondem tão bem ao tratamento com corticosteroides inalados. Esse tipo de asma é conhecido como asma intrínseca.
3 - Asma de inicio tardio (adulto)
Alguns adultos, especialmente mulheres, apresentam-se com asma, pela primeira vez na idade adulta. Na maioria dos casos, tende a ser não-alérgica, e muitas vezes necessitam de doses mais elevadas de corticoides ou são relativamente refratários a este tratamento.
4 - Asma com obstrução fixa
Com o passar do tempo, alguns pacientes com asma desenvolvem uma redução permanente do fluxo de ar devido à inflamação persistente e à cicatrização das vias respiratórias.
5 - Asma e obesidade
Em alguns pacientes com asma e excesso de peso (obesos), os sintomas respiratórios são mais evidentes e há pouca inflamação eosinofílica nas vias aéreas.
6 - Asma ocupacional
Também conhecida como asma laboral, pode ser causada ou agravada pela exposição a alérgenos ou outros agentes sensibilizadores no local de trabalho. Em alguns casos, a rinite ocupacional pode preceder a asma em até um ano. Cerca de 5-20% dos novos casos de asma em adultos podem estar relacionados à exposição ocupacional. Portanto, ao investigar a asma que surge na idade adulta, é importante considerar cuidadosamente a história profissional e exposição a substâncias no trabalho, incluindo atividades recreativas.
Uma característica importante da asma ocupacional é que os sintomas geralmente melhoram quando o indivíduo está afastado do ambiente de trabalho, como durante fins de semana ou férias. Esse padrão de melhora pode ajudar a confirmar o diagnóstico de asma ocupacional e pode levar o paciente a considerar mudar de profissão, o que pode ter implicações legais e socioeconômicas. Normalmente, a confirmação do diagnóstico requer a monitorização da função pulmonar no local de trabalho e fora dele.
7 - Asma induzida pelo exercício físico
A prática de exercício físico pode ser um importante estímulo para desencadear sintomas de asma, e é comum a broncoconstrição e a piora dos sintomas logo após o término do exercício (asma de esforço). Essa condição é aplicada somente quando os sintomas de asma estão relacionados exclusivamente com o exercício físico. Portanto, o diagnóstico de asma em atletas deve ser confirmado através de testes de função pulmonar, geralmente com um teste de provocação brônquica. Isso se deve ao fato de que existem algumas doenças que podem imitar ou estar associadas à asma de exercício, como a rinite, distúrbios da laringe (por exemplo, disfunção das cordas vocais), problemas respiratórios disfuncionais, doenças cardíacas e o excesso de treinamento.
Geralmente, identificamos três tipos de asma em crianças:
Pieira infantil transitória: Ocorre durante os primeiros meses de vida e não se estende além dos três anos. Essas crianças não têm histórico familiar de atopia e têm um bom prognóstico.
Pieira não atópica em bebés e pré-escolares: Pode ocorrer após uma infeção respiratória e não está relacionada a alergias.
Sibilância atópica persistente: Afeta crianças que continuam a ter pieira após os 10 anos e apresentam alergias e hiperreatividade brônquica.
Muitas crianças apresentam melhora espontânea na adolescência, mas a asma pode ressurgir na idade adulta. Nesses casos, a asma em adultos é geralmente do tipo alérgica predominante.
Em Portugal não existe a subespecialidade de Pneumologista Pediátrico nem Pediatria Pneumologista.
Existem sinais e sintomas respiratórios comuns à asma, que podem sugerir a presença dessa doença:
• Aparecimento de mais de um sintoma respiratório, como sibilos (pieira), falta de ar, tosse e aperto no peito, especialmente em adultos;
• Pioria dos sintomas à noite ou nas primeiras horas da manhã, o que é conhecido como asma noturna;
• Variabilidade dos sintomas ao longo do tempo e em termos de intensidade;
• Sintomas que são desencadeados por infeções víricas (Resfriado Comum, Bronquite aguda), exercício físico, alérgenos, mudanças climáticas, risos e substâncias irritantes como fumo, poluição ou cheiros fortes.
No entanto, existem características que diminuem a probabilidade de que esses sintomas estejam associados à asma:
Tosse isolada, sem outros sintomas respiratórios;
Produção crónica de expectoração - a tosse asmática é caracteristicamente seca;
Falta de ar acompanhada de tonturas, sensação de desmaio ou formigueiro nas mãos e nos pés (parestesias). Estes sintomas relacionam-secom a asma emocional ou crises histéricas;
Dor no peito;
Falta de ar com inspiração ruidosa, diferente da asma induzida pelo exercício físico.
O diagnóstico da asma baseia-se na identificação dos sintomas respiratórios característicos, como pieira, falta de ar (dispneia), aperto no peito e tosse, associados à comprovação de uma limitação variável do fluxo de ar ao expirar, medida por um exame de Espirometria.
É importante realizar a espirometria como apoio diagnóstico da asma quando os sintomas surgem inicialmente, pois eles podem melhorar espontaneamente ou com o tratamento, dificultando a confirmação do diagnóstico se o paciente já iniciou a terapia.
O diagnóstico de asma em idosos é mais desafiador devido à possível má perceção da limitação do fluxo de ar. Além disso, a dispneia é muitas vezes considerada "normal" na velhice, especialmente com a redução da atividade física.
Outras doenças associadas também complicam o diagnóstico, como doença cardiovascular ou insuficiência ventricular esquerda, que são comuns nessa faixa etária e podem causar sintomas semelhantes à asma, conhecida como asma cardíaca. Para esses casos, uma história clínica minuciosa e um exame físico detalhado, juntamente com um Raio X de Tórax e um eletrocardiograma (ECG), ajudarão o médico no diagnóstico. Na faixa etária mais avançada, a asma é frequentemente confundida com a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica DPOC.
A gravidade da asma é classificada com base na frequência e intensidade dos sintomas, na capacidade ventilatória antes do tratamento e no nível de tratamento necessário para controlar a doença. É importante tratar adequadamente a asma, pois quando não é devidamente medicada ou ignorada, pode tornar-se muito grave, resultando em sintomas graves e até risco de morte associado à doença.
Se a asma não for tratada, e o paciente já tiver sofrido uma crise grave que exigiu cuidados intensivos ou idas frequentes à urgência no último ano, o risco de um ataque de asma fatal aumenta. Além das crises asmáticas, uma asma mal controlada pode afetar negativamente a qualidade de vida, a produtividade no trabalho, a prática de atividades esportivas e o sono. O agravamento prolongado e frequente da asma também pode levar a problemas respiratórios irreversíveis. Portanto, é fundamental procurar tratamento adequado para controlar a asma e prevenir complicações graves.
Os inaladores são a base do tratamento da asma
Hoje em dia, tratamos a asma focando-nos no controlo dos sintomas, utilizando broncodilatadores em casos de necessidade urgente (como broncodilatador da classe Beta 2 agonista de curta ação ou Beta2 de longa ação associados a corticoide inalado) e procurando melhorar a função respiratória.
Para alcançar esses objetivos, é essencial encontrar o equilíbrio correto entre a prescrição médica e a correção dos sintomas e função respiratória do doente asmático.
O médico, especialmente o pneumologista, ajustará o tratamento e os inaladores de acordo com as preferências do paciente, enfatizando a importância de nunca se automedicar e seguir o plano de ação prescrito pelo especialista.
Para casos de asma ligeira, com poucos sintomas e boa capacidade respiratória (medida por espirometria), o tratamento baseia-se em broncodilatadores da classe beta2 agonistas de curta ação conforme necessário.
O tratamento com corticosteroides inalados em baixas doses (ICS) é altamente eficaz para reduzir os sintomas de asma, prevenir exacerbações, hospitalizações e complicações graves relacionadas à doença.
Nos casos de sintomas persistentes e/ou exacerbações, mesmo com tratamento de corticosteroides inalados, é importante resolver problemas comuns, como a técnica correta de inalação, adesão ao tratamento, exposição persistente a alérgenos e comorbidades. A resolução de problemas nessas áreas é crucial para alcançar um controle adequado da asma.
Após cerca de três meses de controle adequado da asma com os medicamentos mencionados, é possível tentar reduzir a dosagem para encontrar a mínima necessária para controlar os sintomas e exacerbações. Em casos mais graves, em que o controle total não é alcançado com a terapia tradicional, pode-se considerar outras opções de tratamento.
O uso adequado dos inaladores é essencial para garantir que os medicamentos sejam eficazes. Para isso, recorre-se a camaras expansoras. O uso de nebulizadores na asma é desaconselhado. Também é importante identificar e tratar fatores de risco modificáveis, como parar de fumar.
Na gravidez, a asma merece atenção especial, pois pode agravar em cerca de um terço das gestantes, e o risco de uma crise asmática logo após o parto é elevado. A maioria dos inaladores pode ser usada com segurança durante a gestação.
Em casos de asma alérgica, quando a evicção do alérgeno é difícil, pode-se considerar a imunoterapia, também conhecida como vacina para alergias.
Assista aos seguintes vídeos do youtube, onde é explicada a forma de fazer os inaladores e a usar a camara expansora.
Atualmente, as orientações mais confiáveis para prevenir ou evitar a asma estão focadas em evitar o tabagismo durante a gravidez e no primeiro ano de vida, dar preferência ao parto vaginal, incentivar a amamentação com leite materno e, sempre que possível, evitar o uso de paracetamol e antibióticos no primeiro ano de vida.
Também é sabido que a exposição a ácaros na infância está relacionada a um aumento de até 5 vezes no risco de desenvolver asma.
Para melhorar as condições de isolamento nas casas e reduzir o crescimento de ácaros, é recomendável criar um ambiente o mais lavável e ventilado possível. Isso inclui reduzir o uso de carpetes, bibelôs, peluches, colchas e outros itens que não podem ser lavados a altas temperaturas com frequência.
É importante considerar que ambientes mais húmidos e em menor altitude favorecem o crescimento de ácaros, o que pode levar ao agravamento dos sintomas em pessoas com asma alérgica a esses agentes. Portanto, é essencial adotar medidas que minimizem a exposição aos ácaros em casa.
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